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domingo, 4 de agosto de 2013

DOCUMENTÁRIO DADOS HISTÓRICOS DE CAJAZEIRAS PB NOS SEUS 150 ANOS POR RAIMUNDO HONÓRIO ROLIM

Introdução
                Todos sabem que eu gosto de contar histórias. Tanto assim que o Sr Bispo  de Cajazeiras  motivado  pele desejo de conhecer melhor  o lado desconhecido da  vida do Padre Rolim me pediu ,insistentemente que escrevesse algo para mostrar  a face  ignorada  do grande Educador.
                Por  sua vez, o Bispo  queria que mostrasse o Santo  que não aparece nos  relatos históricos  até então  apresentados  nos livros. Diante desse  questionamento , um impasse: onde encontrar  as fontes  necessárias  que pudessem  fornecer os dados  históricos  para revelar essa imagem  oculta  do primeiro Santo cajazeirense ?
                Passei então a fazer uma releitura dos livros e  escritos que estivessem ao alcance, como quem está  garimpando , foi quando percebi  nas entrelinhas o fio  de ouro  com  que  poderia  tecer  não o mito, mas , o perfil , o verdadeiro  lado do Santo  que  foi  e que  é  o Padre Inácio de Sousa Rolim.
                Nesse trabalho  de pesquisa  fui  coadjuvado  e apoiado  de modo determinante  pelo  padre  José de Andrade  que se antecipou  nessa trajetória  no campo das pesquisas, viajando  por várias  regiões do  Nordeste , buscando , incansavelmente, nos arquivos paroquiais , nos contatos com pessoas idosas,ainda  sobre  existentes  que testemunhavam de viva  voz  tudo quanto sabiam  de ouvi  dizer  das virtudes  heróicas  do  Padre  Mestre . Por outro  lado,já dispunha  de  várias informações  via  de conversação com meus  antepassados , avós  e bisavós que conviveram ,diretamente  com  o Padre  Rolim , sendo  eles  parentes  próximos ,como sobrinhos  em primeiro e segundo  graus , todos  depunham  em  favor  da santidade  do padre  Inácio.
                De posse desse acervo de informações  fidedignas , me dei  conta de que poderia
Iniciar, sem medo  de errar,um pequeno  relatório da vida e missão do Padre Rolim.
                O  trabalho em apreço  levará o nome de Cartilha por sua singeleza  e  brevidade , sem a  mínima  pretensão  de ter esgotado  o assunto. Deixo ao critério do leitor  o trabalho  de  dar a sua  opinião , discutir e tirar as conclusões.
               







                                                                                  1
                                                               Origem do Rolim
  Sem a menor  preocupação de narrar figuras  avoengas  parece  interessante  destacar a origem da família Rolim.Dr. Isidoro Mons  Rolim era um médico francês , residente em Penedo ,Alagoas,onde havia mais dois médicos,na segunda metade do século  XVIII; um desses foi  morto e  o Dr. Isidoro foi denunciado como autor do crime.Isidoro  Mons Rolim não suportou  o peso da acusação e faleceu .
   A família, temendo  alguma retaliação ,retirou-se para o Cariri no Ceará  donde se espalhou pelo  interior do Ceará ,vindo  um dos netos, Vital de Sousa Rolim parar  no  extremo oeste da Paraíba,onde se instalou no logradouro denominado Serra Vermelha.Em 1795,  contraiu casamento com Ana Francisca de Albuquerque,filha  do sesmeiro Luis Gomes de Albuquerque que doou ao genro uma data de terra,a data de Lagoa de São Francisco.A partir desse enlace matrimonial  estava  formada a família Rolim no sertão paraibano, que em seguida fixou residência  no sitio Serrote.Desse casamento houve dez filhos:
Alexandre de Sousa Rolim
Joaquim de Sousa Rolim
Inácio de Sousa Rolim ( o futuro padre)
Manuel de Sousa Rolim
Rita Maria de Jesus
José de Sousa Rolim
Antonia  Teresa de Jesus
Joana  Francisca de Albuquerque
Maria  Florência das Virgens.
   Após o nascimento do terceiro filho(Inácio) ,Vital passou a residir no baixio das Cajazeiras,onde instalou sua residência definitiva ao redor da qual se formou uma povoação.
   O casal Vital e Ana era benquisto pelos vizinhos que logo deram a Ana o vocativo de Mãe Aninha,figura meiga,suave,iluminada de bondade e piedade cristã.Apesar de senhora de escravos,prestava indistintamente os serviços de parteira a todas mães  pobres.Com esses predicados só poderia dar aos próprios filhos uma excelente educação baseada nos princípios da Fé Cristã.Todos cresceram e se promoveram num ambiente de muita paz e harmonia fraterna,formando novas famílias.Um desses se destacou pela vocação:Inácio,o terceiro na ordem cronológica.          


                                                                                              2            
                                                                              O CARISMÁTICO
               
   Inácio de Sousa Rolim nasceu no sítio Serrote,aos 22 de Agosto de 1800,conforme registro de batizado realizado na Capela do Rosário de São João do Rio do            Peixe,celebrado pelo capelão, o padre Inácio da Cunha Siqueira.            O referido documento registrado no arquivo da paróquia  do Jardim do Rio do Peixe,paróquia de Nossa Senhora dos Remédios de Sousa a baixo transcrito:
                “Certifico que revendo os livros de acento de batizados desta Freguezia,em um deles achei o acento mencionado neste requerimento cujo teor é o seguinte: “Ignácio filho legítimo de Vital de Sousa Rolim e Anna Francisca de Albuquerque,nasceo aos 22 de Agosto de 1800,e foi batizado com os SS. Oleos ,de minha licença ,no Oratório de São João pelo padre Ignácio da Cunha Siqueira ,aos oito de Setembro do dito anno e foram padrinhos Luiz Gomes de Albuquerque Júnior e sua mulher Francisca Xavier de Mello.desta Freguezia , do que mandei fazer este acento em que me assinei. O cura Luiz José Correia de Sá.E nada mais continha o dito acento.Ita in fide Parochi. Ass.Luiz José Correia de Sá . Vigário da Villa de Sousa.
               Da sua    primeira infância, do pequeno Inácio ,quase nada se pode saber, vivendo na primitiva fazenda no Baixio das Cajazeiras  com seus pais e irmãos numa vivência simples de menino da roça.Informações dadas por Telma Cartaxo  que afirma ter ouvido dizer que  Mãe Brasa ou Ana Brasilina de Sousa Rolim,sobrinha  do padre Rolim contava que o pequeno Inácio desde a idade mínima se revelou o menino prodigioso de grande vivacidade.Jamais lhe faltou o fascínio pela natureza,observando as plantas ,as flores,os pássaros que o deixavam numa atitude de contemplação.Não era um desligado,excêntrico e sim  um menino inteligente adornado de virtudes excepcionais.Informações essas que foram repassadas de viva voz  às gerações futuras.
                A respeito de sua educação,Celso Mariz ,numa conferencia sobre o Colégio Padre Rolim ,por ocasião do Centenário ,lamenta que NAS PESQUISAS  sobre  a vida do padre Rolim não ficou devidamente registrada sua  primeira fonte do aprendizado.O que existe de certo é que ao sair de Cajazeiras para ampliar seus conhecimentos,já tinha formado seu caráter,firmado sua índole seguindo as molduras do ambiente familiar.
                O que mais caracterizava o garoto Inácio era sua vida de piedade ,muitas vezes foi surpreendido em oração,naquele colóquio com o seu Deus do amor infinito,dando sinais de sua vocação à vida consagrada.






                                                                              3
                                                               A VOCAÇÃO
                Consta que Mãe Aninha teria um desejo de ter um filho padre,porém jamais revelou esse intento a fim de não interferir na vocação dos filhos.Com certeza ,estaria acompanhando  de perto ,ainda mais,estimulando o progresso espiritual do filho Inácio que desde cedo manifestava inclinação à vida religiosa.
                Quando esteve na Vila do  Crato,estudando Latim,no período de 1815 a 1817,sempre deu um testemunho de fé e conduta cristã,conforme depoimento do vigário daquela freguezia ,incluído no processo de ordenação sacerdotal:”afirmo que Inácio Rolim residiu nesta Freguezia do Crato por quatro anos e nesse período se conduziu  com louvável  procedimento cristão”.Afirma o padre Carlos da Silva Saldanha.
                Em outro documento exigido pela Cúria de Sé de Olinda a fim de receber as primeiras ordens sagradas,o padre Luis José Correia de Sá declara:”Inácio de Sousa Rolim é bem morigerado,de boa conduta e bem inclinado à vida religiosa”.
                Quando voltou a Cajazeiras, onde permaneceu por mais de um ano ,aguardando  recursos para sua manutenção no Seminário,durante esse período permaneceu em verdadeiro tirocínio de vida espiritual.
                 Admitido no Seminário de Olinda a 22 de Setembro de 1822,após alguns exames a que se submeteu,foi considerado devidamente preparado para iniciar os cursos regulares  administrados naquela casa de formação sacerdotal.
                De início,no internato,mereceu a confiança dos superiores e a admiração dos colegas pelo bom exemplo de piedade e conduta modelar.Antes mesmo de receber qualquer investidura eclesiástica,já integrava a equipe de formadores do Seminário  na função de CENSOR e depois de Bedel ,além de integrar o corpo docente,como professor de grego.
                Durante todo o tirocínio do Seminário não consta que Inácio tenha voltado alguma vez a Cajazeiras.È provável que durante as férias  aproveitava o tempo para realizar exercícios espirituais  ou até mesmo fazer algum trabalho pastoral em alguma paróquia da diocese de Olinda.
                Concluindo o período de formação no Seminário , encetou a tarefa de preparação para as ordens sagradas com os exercícios espirituais que antecederam  às ordenações.
                                              



                                                                                         4
                                                                     A ORDENAÇÃO
                Com certeza,um dos mais belos capítulos dessa história aconteceu  em 1825. Tendo concluído os cursos seminarísticos dentro do espaço mínimo de três anos e tendo sido  dispensado dos intervalos legais entre as ordenações,aos 30 de Julho desse ano,o menorista  Inácio Rolim recebeu a primeira tonsura e já no dia 31 do mês em curso as ordens menores,em cerimônias realizadas na igreja da Congregação do Oratório do Recife. Em seguida,aos 15 de Agosto do mesmo ano foi ordenado subdiácono.Com pouco mais de um mês ,recebeu o diaconato aos 25 de Setembro,na Capela do Palácio Episcopal de Olinda.
                Finalmente,no dia 2 de Outubro de 1825, em local não especificado,foi ordenado  presbítero
Esse momento foi  muito especial,levando em consideração a carta de Ordenação escrita e assinada pelo então bispo de Olinda.Essa carta de Ordenação esteve em mãos do seu sobrinho neto,Higino Sobreira Rolim que passou esse documento para os arquivos do Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba que o reproduziu em artigo da autoria do Cônego  Florentino Barbosa que lhe deu a seguinte tradução do original em latim:
“ Dom Tomás de Noronha,da Ordem dos Pregadores,por graça de Deus e da Santa Sé Apostólica bispo de Olinda.
A todos e a cada um dos que virem as presentes letras fazemos saber que,no Ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e vinte cinco,Nós,no exercício de nossas funções promovemos segundo os ritos e ordenamos o nosso dileto filho,em Cristo,Inácio  de Sousa Rolim,natural da paróquia do Rio do Peixe,na Província da Paraíba pertencente ao Bispado de Pernambuco,filho legítimo de Vital de Sousa Rolim e sua mulher  Ana Francisca de Albuquerque,examinado segundo a forma do Sagrado Concílio de Trento em todos os requisitos e   aprovado na Igreja da Congregação do Oratório da cidade do Recife desta  diocese,no dia 30 do mês de Julho a Prima Tonsura,no dia seguinte 31, as quatro ordens menores , e na capela do nosso palácio episcopal de Olinda,no dia 15 de Agosto ao Subdiaconato; e no dia 25 de Setembro ao Diaconato;finalmente,no dia 2 de Outubro do mesmo ano,ao Sagrado Presbiterato,sob a direção do Espírito Santo.Em fé do que ,assino as presentes letras que lhes entregamos autenticadas com o  nosso selo.O presente documento foi passado no dia 20 de Outubro do mesmo ano,como assina.
Tomás ,bispo,governador do bispado.”
Após a leitura dessa calorosa e carinhosa carta comendatícia do bispo de Olinda ,não há mais de que duvidar das virtudes e carismas  que ornamentavam a alma do jovem sacerdote o padre Inácio de Sousa Rolim.

                                                                              5                                           
                                                               ESPÍRITO DE RENÚNCIA
O padre Inácio,ordenado sacerdote,com certeza,desejaria,de imediato voltar ao sertão paraibano,onde poderia desempenhar seu ministério entre seus conterrâneos.No entanto,permaneceu no Seminário de Olinda,em obediência ao bispo que o nomeou Reitor do Seminário,além de professor de grego,ofício que já desempenhava desde  que ali chegou como aluno.No exercício desses encargos demonstrou não apenas suas potencialidades de mestre ,mas também seu espírito de obediência  e renúncia.
Na vida do padre Rolim se pode constatar uma constante atitude de desapego de sua própria vontade que o deixava afastado de toda vanglória,orgulho e vaidade.Não foram poucas as oportunidades que lhe foram dadas de se auto promover,como professor de grego,latim e de outros idiomas que dominava com facilidade.Convidado a lecionar no Liceu Pernambucano e até no Colégio Pedro II,no Rio de Janeiro,a tudo renunciou.Outra vez,convidado a assumir a pasta de Secretário de Educação da Paraíba,não aceitou.Até mesmo no exercício de suas funções ministeriais de padre,jamais aceitou o cargo de pároco ou vigário,contentava-se com o simples trabalho de capelão de alguma capelinha abandonada no meio das comunidades mais distantes e desprezadas do sertão.
Como professor,após obter as devidas licenças para voltar ao interior da Paraíba,precisamente,a Calazeiras dedicou-se  à humilde atividade de fundador da Escolinha da Serraria onde ensinava as primeiras letras  às crianças  dos sítios vizinhos.Depois,transferiu a escola para o povoado das Cajazeiras,onde deixava  o ensino a cargo dos seus parentes,sobrinhos e aderentes para se dedicar,durante meses seguidos,ao trabalho de evangelizar e celebrar Missas e batizados de crianças filhos dos escravos nas fazendas do interior do Ceará,do Rio Grande do Norte,como se pode constatar nas pesquisas feitas,ultimamente, pelo padre José de Andrade,nas Paróquias do interior cearence,de Milagres,Missão Velha,Crato ,Barbalha,no antigo Cococi e Taboleiro de Areia,também no Rio Grande do Norte ,em Serra Negra pertencente à paróquia de Caicó onde se encontram vários  registros de batizados do seguinte teor: “Gonçalo,filho natural de Anna escrava de Antonio Pereira Mariz,morador desta Freguezia  do Seridó ,nasceu aos trinta de Setembro de 1843 e foi batizado com os Santos óleos ,na Fazenda da Conceição desta Freguezia a hum de Novembro do  mesmo anno  pelo padre Inacio de Sousa Rolim,de minha licença;foram padrinhos  Nicolau e Mariana,escravos solteiros,do que para constar mandei fazer este assento que assino:”
O vigário,Manuel José Farias.
Como este há dezenas de registros de batizados feitos pelo padre Rolim nas paróquias,onde costumava ir em suas andanças missionárias,sem a mínima pretensão de ganhar dinheiro ou qualquer recompensa financeira.
Nas fazendas onde permanecia por vários dias consecutivos,renunciava ao conforto de casa grande para se confinar em qualquer casebre abandonado onde ele mesmo cozinhava   as suas próprias refeições e alí mesmo rezava e dormia no chão duro.Esse é testemunho de todas as pessoas antigas que conviveram com o padre Mestre , como era conhecido .       
                                                                                 6         
                                                                     O ASCETA
                O padre Inácio ouviu o apelo do Mestre que lhe disse :” Se alguém quiser me seguir tome a sua cruz...”esse forte apelo penetrou profundamente em sua alma.
                Alguns biógrafos do padre Rolim,em prosa ou poesia destacaram a figura impar  do grande educador do Sertão por esse prisma e pelo qual mereceu  ser condecorado com as insígnias de Comendador na Ordem de Cristo e da Rosa.Insígnias tais que ele jamais usou,ao contrário ,em sinal de renúncia as ofertou a um amigo,pedindo-lhe que fizesse delas  o que melhor parecesse.
                O padre Mestre como era tratado ,se identificava por sua simplicidade de vida e costumes.Não possuía sequer um casa de residência.Em Cajazeiras,morava num pequeno quarto anexado à escolinha.Nesse cubículo,nada de conforto ou luxo,não havia cama,dormia sobre um banco de madeira,uma tábua larga sem forro ou qualquer acolchoado,usando como travesseiro um tijolo de barro ou um livro.Também não havia  cadeira,qualquer tipo de assento.Num recanto,a cozinha,onde fazia ele mesmo sua alimentação frugal,de acordo com informações de Leonardo Lins de Albuquerque,seu sobrinho em segundo grau,sua refeição constava apenas de algumas vagens de feijão que ele cozinhava com casca e tudo e acrescido de pequena porção de carne de preá,uma vez por dia.Para fazer essa parca alimentação dispunha apenas de uma panela de barro ,um prato,colheres e nada mais.
                Quando saia de casa ,nas suas andanças missionárias,normalmente,não se hospedava na casa da fazenda,preferia se instalar numa casinha qualquer,onde dormia no chão e não admitia presença de pessoas,particularmente de mulher.Como em sua residência, também preparava suas refeições.
                Nessas viagens ,às vezes longas,não utilizava charruas,viajava montado nalgum
 animal.Sendo mais próximo,fazia uma caminhada,às vezes por dias inteiros.
                Instalado em qualquer logradouro,onde devia fazer alguma missão,não ficava ocioso, utilizava o tempo para a oração e meditação.Visitando as famílias era bastante comunicativo,pelo que granjeou muitas amizades por todo o interior do sertão.Sua simplicidade atraia não só  adultos,mas também jovens e crianças.Meninos,muitos dos quais    ,seguindo o seu exemplo se ordenaram sacerdotes.



                                                                                              7
                                                                              ORIENTADOR VOCACIONAL
                O padre Rolim foi realmente o grande Educador:enquanto dirigia e ensinava na sua ESCOLINHA ou no COLÉGIO ,a partir de 1843 ,quando foi equiparado e se tornou um centro de Educação de referência em todo o interior do sertão,atraindo jovens estudantes de todos os recantos,o padre Mestre não tinha por objetivo apenas transmitir conhecimentos  lingüísticos e científicos,mas no seu relacionamento com os educandos  ia imprimindo nesses os sentimentos de respeito,dignidade, ao mesmo tempo em que despertava em todos a própria vocação  a partir de suas potencialidades.Nesse empenho de orientador vocacional despertou em alguns desses jovens a vocação específica para a vida consagrada,como sacerdotes.Foram eles:Dom Joaquim Arcoverde,primeiro Cardeal da América Latina,seu irmão,o Cônego Antonio Arcoverde,padre Cícero Romão Batista,Pe.Joaquim Theodósio,Pe.Joaquim Machado,além dos padres Francisco Manuel,Antonio Manuel,Bernardino de Morais;fora desses os parentes e conterrâneos :Padres Nazário David de Sousa Rolim,Manuel Mariano de Albuquerque,Eliodoro Pires da Silva Rolim,João da Cunha Rolim,José Tomás de Albuquerque,Anselmo Duarte Rolim e o Mons.Sabino de Sousa Coelho e outros,como os cearenses Fausto Correia e Ernesto Correia.
                A maioria desses padres se formaram nos Seminários de Olinda,outros no Seminário da  Praínha , em Fortaleza,mas todos foram orientados  pelo exemplo e pela palavra do padre Rolim.
                Não há como esquecer o grande número de homens públicos que se destacaram no cenário dos professores,juristas,dos políticos e governantes que passaram pelos bancos  do Colégio  do padre Rolim em Cajazeiras.Todos esses marcados e impregnados de responsabilidade a partir daquela formação  humana,marcadamente,plena de consciência e austeridade.
 

                                                                              8
                                                               ANJO DA CARIDADE
               
                O padre Mestre,no ser ministério e relacionamento com as comunidades primava pela caridade.A prática dessa virtude se intensificava por ocasião  das grandes secas ,quando faltava o alimento na mesa dos mais pobres.O padre Rolim multiplicava os esforços para aliviar a fome  de todos quantos eram atingidos pelas intempéries da natureza.Nas secas de 1877 a 1879 chegou a fechar as portas do Colégio  para focalizar toda sua atividade a serviço dos flagelados pela seca.
                No entanto,a demonstração de sua extrema caridade se manifestou quando explodiu o primeiro surto do Cólera morbus que se espalhou rapidamente em todo o interior do nordeste,no ano de 1856.Dessa vez ,o padre Rolim utilizou uma terapia preventiva,retirando o alunado de Cajazeiras para as bandas dos Inhamuns ,no interior do alto sertão do Ceará , onde  poderia manter os jovens estudantes  a salvo do contágio da peste devastadora.O traslado dos alunos foi narrado por Irineu Pinto no seu livro Datas e Notas  para a História da Paraíba em que reproduz os relatórios dos presidentes da Província,em termos candentes,a cerca da terrível devastação do Cólera.Do índice alarmante de óbitos tomamos conhecimento  por meio  dos registros  e assentos de óbitos nos arquivos das paróquias.
                 Com a notícia do segundo surto da doença, em 1862 o padre Rolim  resolveu bater de frente com a praga,permanecendo em Cajazeiras.Enfrentou as conseqüências que  a peste traria a seu povo e seus alunos.Não arredou o pé.Ao contrário ,dedicou-se de modo impressionante ao serviço dos pestilentos numa atitude heróica : organizou uma enfermaria  ao lado do Colégio na qual prestou inestimáveis serviços aos doentes,serviço religioso com a administração dos Sacramentos,também exercendo um serviço de fito terapia a partir de plantas medicinais aliviava o sofrimento dos doentes.Assumindo essa tarefa de enfermeiro corria os riscos do contágio direto e punha em risco sua própria vida. Na realidade, toda essa atividade era uma demonstração de sua extrema caridade que não conhecia limites nem fronteiras e que atingia as raias de virtude heróica.                

                                                                              9
                                                               O MISSONÁRIO ITiNERANTE

                O que não encontramos nos relatos sobre a vida e obra do Padre Rolim             é seu grande desempenho missionário que envolveu o maior espaço de sua sacerdotal.
                Aquilo que encontramos nas entrelinhas de sua história,ao longo dos seus quase  75 anos de vida consagrada ,não apresenta a dimensão de sua exaustiva atividade missionária , apenas tange de longe esse potencial de evangelizador no sertão nordestino.
                Somente,vasculhando os antigos relatórios transcritos nos jornais da época podemos, ainda hoje,encontrar referências às repetidas e demoradas atividades missionárias do padre  mestre em diversos lugares fincados nos sertões do Ceará,do Rio Grande do Norte,de Pernambuco e Paraíba.
                De modo simples e eficiente o Padre Rolim foi desenvolvendo uma ação pastoral e evangelizadora abrangente, especialmente ,voltada para os mais carentes e abandonados:os escravos que na mentalidade daquela época eram considerados como simplesmercadoria ,indignos de qualquer atenção por parte de senhores e quiçá da Igreja local.
                O padre Rolim,chegando na localidade,apenas requeria uma licença temporária para atuar na qualidade de capelão,sem nenhuma remuneração,uma tarefa  de evangelizar e celebrar Missas,batizados e casamentos religiosos dos escravos e de mais habitantes pobres daquela região.Dessa atividade pastoral existem registros nos arquivos paroquiais,a exemplo do consta na Paróquia de Santana na região do Seridó ,RN.Na zona do Jaguaribe e do Cariri no Ceará.



                                                                              10

                                                               ÚLTIMOS ANOS
                Em 1877,por motivo da grande seca que assolava a região,o padre Rolim encerrou as atividades do Colégio em Cajazeiras.A partir desse ano,recolheu-se a um retiro em que se ocupava apenas dos exercícios  da oração,meditação,e leituras de alguns livros e revistas  que recebia periodicamente da Europa.
                Em 1880,já um tanto alquebrado,tentou reabrir o educandário,porem  não obteve nenhum êxito.Sendo assim,deu por encerrada a missão de evangelizar por meio da escola,e continuou a tarefa através das visitas diárias às famílias residentes  na cidade.
                Foi nesse tempo que o padre Rolim também realizou um sonho ,aliás antigo de escrever  e publicar dois livros e o fez,com a ajuda financeira do sobrinho ,o Comandante Vital.A edição desses ,uma gramática de grego a que deu o título de Extrato de gramática  grega,e o outro Noções da História Natural , foi impressa em Paris.          
                Era admirável o vigor físico do padre mestre, aos oitenta e tantos anos de idade,quando,na sua simplicidade e humildade fazia sua própria alimentação,dispensando a ajuda das pessoas que se  ofereciam para essa tarefa.É verdade que o padre Rolim,sendo  afeito a uma alimentação frugal,alimenta-se apenas de leite,frutas e biscoito.
                Em  1888,já um tanto mais alquebrado,ainda ajudou na construção da Matriz da Piedade,acompanhando os cortadores de madeira,na serra do Bartolomeu.Parentes e amigos contaram que certo dia,em pleno verão,o padre os advertiu  de que deveriam procurar abrigo em alguma casa para dormir,pois iria chover nessa noite.Ninguém levou a sério o aviso e permaneceram na mata.Nessa noite caiu um pé d’água  que até o rio botou uma enchente.No dia seguinte,a padre reapareceu e todos perguntaram : como ele teria adivinhado essa chuva.Ele respondeu que apenas tinha visto um furão carregando os filhotes da areia do rio para um local mais alto,num gesto de defesa.
                A partir de 1896,estando em estado de demência senil ,já não podia mais se deslocar sozinho em seus aposentos,era assistido por seus parentes,mas se dava ao cuidado de aconselhar às pessoas na observância dos Santos Preceitos de Deus.   
               
                                              

                                                                                              11
                                                                              A MORTE DO JUSTO
                “É sentida por demais pelo Senhor a morte dos seus Santos”.A vida do Padre Mestre se  estendeu por quase todo o século  XIX.Nasceu a 22 de Agosto de 1800 e faleceu aos 16 de Setembro de 1899,contando 99 anos e vinte quatro dias.
                A sua morte,apesar de esperada,por toda a população,bem como,por seus parentes mais próximos,dada a precariedade de sua saúde,contudo,deixou profundamente  consternados todos os cajazeirenses.A lenta agonia que  precedeu o desenlace fatal,seguido da repercussão do falecimento do Padre Rolim,foram descritos por João Moésia Rolim em um artigo que o padre Heliodoro Pires transcreveu em seu ensaio biográfico ,Padre Mestre Inácio Rolim . O mesmo vai transcrito,parcialmente,a seguir:
                “ Foi no Sábado,16 de Setembro de 1899,que teve lugar o tremendo eclipse que submergiu nas espessas trevas do túmulo o venerando padre Inácio de Sousa Rolim,de imperecível memória.
                Faleceu às 8 horas da noite,no importante estabelecimento de educação que ele fundou e onde sempre viveu retirado de todas as coisas mundanas,entregue às práticas da caridade cristã e a uma quase abstinência total de alimentação.
                Quando a triste notícia circulou por todos os ângulos dessa cidade...Indivíduos de todas as classes ,de todos os matizes,de todas as idades,de todos os lugares circunvizinhos,ali foram,em piedosa romaria verter lágrimas de verdadeira dor sobre aquele corpo inanimado ou oscular,contritamente,aquelas mãos caridosas,que tantos benefícios difundiram...
                Seus últimos momentos foram assistidos pelo reverendo padre Joaquim Cirilo de Sá,que naquela fase angustiosa,regia essa freguesia ,na ausência do padre Marcelino Vieira da Silva Sobrinho.
                Sua morte foi de um justo.Exalou o último alento sem fazer um gesto que indicasse a existência de uma dor...Só foi inumado na segunda-feira ,18 do mencionado mês ,cerca de meio dia,ao lado esquerdo do Altar-Mor  da Matriz,templo que ele construiu no inicio de sua imaculada vida de sacerdote,exemplar e abnegado.Sua morte teve lugar em Setembro,no rigor do estio(seca),como ficou dito;entretanto,seu cadáver ,que foi sepultado quase três dias depois da morte,não exalava nenhum odor que indicasse putrefação.
                ...o momento foi celebrado pelos padres Joaquim Cirilo de Sá e Manuel Vieira da Costa...Seus parentes e amigos,ex-alunos rendiam homenagem a um justo,que nunca teve ódio,que abominava a malevolência,que detestava a perfídia...Era um verdadeiro modelo de bondade,em  síntese sua uma via-láctea  de coisas sublimes:sabedoria,virtude e caridade...     
                Obedecendo à voz de Deus,deixou o invólucro terreno r subiu a receber pelos atos desta vida temporária o premio de uma vida de eterno gozo no seio da Luz.
                O fato de corpo do padre Rolim ter permanecido fora da sepultura por mais quarenta
 horas .sem exalar mau cheiro impressionou vivamente a população cajazeirense que lhe atribuía virtudes de um santo,o que se propagou rapidamente no meio do povo  que ele morrera em odor de santidade.



                                                                              12
                                                                   O TÚMULO
                Eis a pergunta !                Onde se encontra o túmulo do Padre Rolim? O túmulo que não se vê,ninguém conhece nem sabe onde está?
                Ao se aproximar o Centenário da Diocese de Cajazeiras a ser celebrado nos próximos anos de 2014/2015, está no tempo de fazer uma pesquisa,que seria quase arqueológica com o objetivo de encontrar os sinais dessa sepultura na qual é possível encontrar  os restos mortais do padre Rolim sepultado a cento e treze anos atrás.
                O certo é que o padre Rolim foi sepultado no piso da antiga igreja Matriz de Nossa Senhora da Piedade em Cajazeiras,no dia 18 de Setembro de 1899.Mas,onde está o túmulo que ninguém vê?Nem sinal por pequeno que seja!               
                Voltemos à história escrita ou gravada na memória dos antepassados,história que nos revela que naquela segunda-feira,18 de Setembro de 1899,por volta do meio dia,numa vala aberta no pavimento da Matriz,ao lado esquerdo do Altar Mor ,foi depositado em urna simples o corpo do padre Mestre e sobre esse jazigo foi colocada um laje de pedra com a seguinte inscrição em baixo relevo:” Aqui jazem os restos mortais do padre Inácio de Sousa Rolim in memoriam” e a data: 18/09/1899.
                É bom saber que com a criação e instalação da Diocese em Cajazeiras nos anos de 1914 e 1915 respectivamente,foi feita uma reforma e ampliação da antiga igreja matriz da Piedade e nesse trabalho,não houve uma preocupação de conservar ou preservar o túmulo em questão.Talvez pela pressa na conclusão  das obras ou quem  sabe por falta de recursos financeiros,sendo o pároco o monsenhor Constantino Vieira,deixou se apagar o sinal e desaparecer a lápide que evidenciava a presença daquele túmulo.E ficou,lamentavelmente, ignorada a sepultura do padre Mestre.
                Instalada a Catedral nessa Matriz cujos trabalhos foram concluídos em 1917,estava selada a dúvida:onde ficou o túmulo do padre Rolim? Uma vez que o templo foi ampliado ,o Altar Mor antigo foi demolido,o novo Altar foi construído noutro local,vários metros atrás do antigo,uma vez que a ampliação foi feita no comprimento e na largura da velha igreja.
                A Catedral Sé permaneceu até 1957 na igreja onde hoje está  a Matriz de Nossa Senhora de Fátima,paróquia que já completou o jubileu de ouro  em 2007.Nessa igreja Matriz está e continua em algum lugar ignorado o túmulo do padre Rolim.                                 



                                                                              POSFACIO
               
                Este fascículo,como já ficou explicitado na Introdução,não teria jamais o objetivo de esgotar  o repertório em torno da vida exemplar do Padre Rolim.Foi tão somente um despertar para essa realidade que se transformou nesses últimos tempos numa espécie de puro mito.
                O padre Rolim cujo nome é declinado por tantos meios de comunicação,não parece ter um significado lá muito real.Aparece na mídia,como o apelativo de um ser estereótipo desencarnado,que se viveu foi numa esfera um tanto afastada da realidade humana,no qual as pessoas jamais poderiam tocar.
                Lendo, com atenção, os capítulos relatados nestas páginas poderão ajudar o leitor a ter a imagem mais nítida de um ser humano dotado de carismas e virtudes cristãs,vivendo no seu tempo em atitude desafiadora diante de todos os problemas que encontrou.
                Este opúsculo pode,também,oferecer uma visão do padre Rolim diferente daquela já conhecida, do homem culto,do exímio educador de que tanto se falou em outras biografias,anteriormente publicadas.Poderia,quem sabe,levantar questionamentos ainda não expostos na mídia a respeito da autenticidade de todas as afirmações feitas sobre a vida  do biografado.Uma coisa,porém,é certa: tudo o que foi escrito é fruto de uma  acurada pesquisa nas entre linhas dos escritos anteriores ou na tradição oral dos antigos conhecedores da vida emblemática  do padre Inácio de Sousa Rolim. É, ainda mais,uma tentativa de incentivar o público leitor a torcer pela introdução do processo de  beatificação daquele  que foi o incentivador da caminhada missionária da Igreja no sertão,particularmente,em sua terra natal, Cajazeiras,sede episcopal,terra que “ ensinou a ler”e amar a Deus e ao próximo.
                                                                                                                                        
                                               O autor:Padre Raymundo Honório Rolim.                          



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